domingo, 24 de outubro de 2010

Filme: Escritores da Liberdade,


Dirigido por Richard LaGravenese. Com: Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton, Kristin Herrera. (Freedom Writers, 2007)
Sempre existiu, na Política Educacional, uma maneira de tentar enquadrar todos dentro de um sistema de educação, com o governo sempre salientando que estaria dando oportunidades para todos e, assim, ninguém reclamaria. Mas não adianta, ainda falando em termos políticos, criar um sistema de enquadramento para dar oportunidades a todos se ele não é feito da maneira, ou sem o esforço daqueles que estão no poder. No Cinema, sempre existiu a mesma visão: a busca de retratar uma realidade que conhecemos, mas que sempre termina em um final feliz. É o que chamo da visão romântica que às vezes o cinema tem para certos assuntos, quando sabemos que a realidade é outra. Talvez essa fuga do real seja uma forma também de imaginar possibilidades e de criar esperanças.
Escritores da Liberdade se compreende a partir dessa perspectiva. O filme se passa em 1994, dois anos depois dos acontecimentos que aterrorizam a cidade de Los Angeles. Briga entre gangues rivais, disputas por espaços, por bairros e grupos tentando se afirmar perante uma sociedade preconceituosa, que é a mesma que temos hoje, nada mudou. É daí que surge a Professora Erin Gruwell (Hilary Swank), que decidiu seguri a carreira exatamente depois de ver pelos noticiários os terríveis ataques sofridos pela acidente e o seu deslumbramento em acreditar que poderia mudar o cenário, mas que isso teria que começar pelas escolas e não depois quando estes jovens já estão com conceitos pré-formados e sem mais nenhuma chance de recuperação. Vinda de uma família que mora em Newport Beach, a realidade que ela encontra em seu primeiro emprego numa instituição de Ensino Médio é completamente diferente do que ela acreditava, principalmente porque o caos é uma constante.
É difícil querer chegar em um determinado lugar e alterá-lo. Essa é, afinal, a proposta básica para estudos antropológicos. A observação faz parte dos requisitos, mas nunca querer mudar uma cultura. Porém, o filme retrata de uma maneira real o que de fato é o Ensino Público. Apesar de se passar nos Estados Unidos, é uma obra que serve para qualquer outro país. O Brasil, por exemplo, enfrenta graves problemas na sua educação pública e nós podemos ser enquadrados dentro do contexto que a película aborda. Os estudantes parecem viver em dois mundos: existe o mundo real e o seu próprio mundo. Por isso cada um escolhe o seu grupo de amigos que mais tem a haver com o seu gosto, com a sua maneira de ser. A partir disso, começam as guerras, as individualidades e as disputas por marcar território, por querer ser maior que o outro. É a guerra pessoal de cada um: ou tentar se afirmar ou ser popular.
Para os estudantes daquela Instituição o que acontecia era muito mais profundo. Eles nunca tiveram oportunidades e a grande maioria que ali estava vieram de um programa de inserção criado pelo governo americano na época, onde muitos jovens que iriam para reformatórios, no caso, eram “jogados” em escolas públicas em convívio de outras pessoas sem nenhuma perspectiva de vida. O que sobrava para estes adolescentes? Se aventurar no tráfico de drogas e no medo de sair nas ruas e nunca mais voltar. A professora iniciante de Inglês começa a mudar o seu espaço da sala-de-aula transformando num lugar em que aqueles garotos pudessem se sentir bem, como uma segunda casa. Por isso ela propõe para que cada um começasse a escrever em um diário todo dia, relatando a vida, as angústias, os sonhos, os medos, o que esperavam da vida e do futuro. E o roteiro é inspirado nos diários que estes adolescentes escreveram, sendo baseado em fatos reais, o que aumenta a autenticidade daquilo que é narrado.
A idéia vai dando certo e despertando nestes jovens uma paixão de viver e de irem à escola. E, obviamente, isso também vai incomodando os diretores da Instituição, que estavam ou com inveja da maneira como Erin estava conduzindo a sua turma, ou com medo de educar aquelas pessoas, com medo de que elas pudessem se tornar vozes de protestos. Os novos métodos de ensino também inspiram os estudantes a terem objetivos numa vida praticamente perdida e sem esperança. Mais importante que isso, os ensinamentos de Erin ajudam eles a enfrentarem os seus problemas familiares e os problemas que existiam entre eles mesmos, os preconceitos que um grupo tinha pelo outro.
Existem muitos filmes sobre educação nos Estados Unidos, sobre as escolas americanas. Poucos conseguiram mostrar o cotidiano trágico desses adolescentes, dessas crianças de 14 a 16 anos, que parecem viver como adultos que já se preocupam com o dia seguinte sem deixar de esquecer o anterior e aquilo que os atormentaram durante a fase de crescimento, que chega cada vez mais cedo para eles. O filme Sociedade dos Poetas Mortos até consegue retratar um pouco disso, mas de uma maneira não tão real quanto esta obra. Coach Carter também tem o intuito de mostrar os problemas do ensino público, mas cria uma narrativa voltada para a importância que o esporte tem (nesse caso o Basquete) na recuperação dos adolescentes.
Escritores da Liberdade vai mais adiante: consegue explorar, não apenas as dificuldades daquelas pessoas, mas também os problemas que a professora Erin Gruwell precisa enfrentar para fazer com que os seus métodos possam ser aceitos. Além disso, o engajamento incodicional que ela estava dando para aqueles jovens, acaba refletindo pessimamente no seu casamento, levando ao rompimento. Tudo isso é muito entrelaçado e cria uma atmosfera contagiante para que a película fosse bem conduzida até o seu final. Apesar de nos momentos finais parecer existir uma pressa para que os arcos fossem fechados e uma pequena quebra no ritmo do filme, Escritores da Liberdade amplia os conhecimentos da importância que a Educação tem e dos seus mecanismos de transformações individuais na vida de cada ser humano.
Agora, vocês façam os seus comentários relacionando o filme  como uma lição de vida. 
Roteiro para Trabalho com o filme “Escritores da Liberdade” - (Freedom Writers)


Drama, EUA, 2007, 122min. РDire̤̣o: Richard LaGravanese.

O filme é baseado em uma história real. A história se passa no ano de 1992, na cidade de Los Angeles.


Roteiro para discussão e análise


1) Por que Erin escolheu a carreira de professora e não de advogada?

2) Quais foram as dificuldades que ela encontrou no sistema escolar?

3) Qual foi o perfil de educadora que Erin apresentou, no primeiro momento, ao dar sua aula?

4) No início do filme, qual o retrato apresentado dos alunos?

5) Quais os aspectos negativos e positivos da resistência dos alunos em aceitar a escola e a professora?

6) O filme destaca muitos aspectos importantes referentes ao processo ensino-aprendizagem. Aponte três que sejam mais significativos, na sua opinião.

7) A história aborda um dos mais polêmicos temas da atualidade: a crise educacional. De acordo com a sua visão, quais são os principais fatores que contribuem para esse problema?

8) Destaque alguns princípios éticos que estruturaram a prática pedagógica da professora Erin.

9) Qual foi a cena do filme que mais tocou você? Justifique.

10) De acordo com os seus conhecimentos, relacione os temas que podem ser explorados no filme “Escritores da Liberdade”.

11) A história nos leva a refletir sobre muitas questões. Qual foi a lição que você absorveu para a sua vida pessoal?

"Todos somos atores de nossa vida, mas nem sempre podemos ter sua autoria. O pensar [e o escrever] favorece a autoria da existência". ( Dulce Critelli, 2006).

Um comentário:

meus filhos disse...

Esse filme é mesmo uma lição de vida,sem falar q a vida daqueles jovens foram transformadas, lógico, com a ajuda da educadora Eri.......