quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Resenha do Livro "Problemas de redação" Alcir Pécora

Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 03 Nº 05 – 2007


ISSN 1809-3264
RESENHA

PÉCORA, Alcir. Problemas de Redação. 5ª edição São Paulo: Martins Fontes, 1999. 122p.

Eliziane de Paula Silveira Barbosa

Especializanda em Leitura e Produção Escrita e Gestão Escolar - UFT- ARAGUAÍNA, Diretora Pedagógica da Educação Básica da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Colinas do Tocantins -TO



Alcir Pécora, inicia sua obra abordando a problemática da escrita de alunos que estudavam na conceituada Universidade UNICAMP, no ano de 1976. Estes acadêmicos estavam no último período, prestes a se formarem, os quais foram considerados em sua maioria alunos não alfabetizados, ou seja, não sabiam ler e nem escrever ao nível de sua respectiva escolaridade.

A obra ora resenhada foi elaborada com a intenção de colocar em discussão referencias lingüísticas para uma prática de reflexão dos “corpus” e criticidade no âmbito de formação de alunos produtores de texto nas escolas.

O livro apresenta três partes. Na primeira, intitulada breve história de um tema sem escolha (1ª e 2ª versão), Pécora ( 1999) apresenta o Projeto Redação II, financiado pela Fundação Carlos Chagas Sob a coordenação da Profª. Ada Natal Rodrigues, no grupo havia dez especialistas em Lingüística para analisar uma cerca de 6000 redações distribuídos em conjuntos de 60 redações para cada e eleger um objeto particular para um diagnóstico da produção escrita dos vestibulandos, tendo em vista os problemas mais recorrentes e o afinamento de uma concepção de linguagem para a descrição e levantamento de hipóteses explicativas dos problemas encontrados. Os “corpus” eram de candidatos concentrados na área de ciências médicas e biológicas, estes dispunham de suas provas de redação do vestibular para análise, cujo tema era “ Nenhum Homem é uma Ilha”.

Como podemos salientar estas produções eram de alunos oriundos de 11 anos de escolaridade, pré-universitários. Sendo assim, os especialistas iniciam as pesquisas, analises dos conjuntos dos problemas relativos a produção.

Na segunda parte, o autor analisa o diagnóstico sobre os ”corpus” das redações do curso de Práticas de Produção de Textos. Segundo as turmas do ciclo básico do IEL (Instituto de Estudos da Linguagem) os textos analisados eram do tipo Narrativo, descritivo e dissertativo.

A análise ocorre sobre os problemas na oração, Pécora (1999) ilustra cinco tipos de problemas na formulação da oração na modalidade da escrita, no interior da oração.

O Primeiro problema da oração, reporta-se a erros de grafia na utilização e pontuação inadequada; o segundo, mostra o desconhecimento das normas que regulam



os recursos gráficos; o terceiro, há não utilização do padrão culto; o quarto palavras de efeito de sentido ao contrário, isto é, não soube empregar as palavras, haja vista, vocabulário restrito, “pobre”. E, finalmente o quinto analisa as marcas da transcrição da oralidade para escrita.

Ainda na segunda parte, o autor elenca o problema de coesão textual, a qual fica evidente que os alunos apresentam dificuldades em empregar os termos coesivos, a liga do texto. Com isso, compreende que os acadêmicos apresentam problema técnico, ou seja não compreenderam a função e como aplicar os elementos coesivos.

E, isso nos faz avaliar, que é possível pensar que estes sujeitos produtores de textos têm uma experiência escolar de muitos anos e ainda assim desconhece o emprego dos termos. Fica patente, diante dos exemplos analisados que há limitação de vocabulário e com isso atrapalha a unidade de significação das idéias.

Outro fato Pécora (1999) pretendeu evidenciar nas análises, é o problema de argumentação em várias passagens de textos que evidenciam as dificuldades nas transformações das condições de reprodução da escrita, à qual podemos chamar de noções de confusão do fio argumentativo dos escritos, uma vez que para obtermos o efeito de sentido claro e objetivo no encadeamento das idéias, precisamos constituir uma argumentação no uso de linguagem contundente, principalmente nos textos dissertativos.

E na última parte do livro, ele apresenta a conclusão do trabalho com o título: 13 problemas e 1 figurino, e nesse bloco faz-se um resumo de todos os problemas elucidados e analisados nas redações dos pré – universitários.

Ao ler este livro concebe-se que os erros abordados nos “corpus” são decorrência da famosa “bola de neve”, na qual não é sanada no decorrer dos anos de experiência escolar, seja pelo fato dá má formação do professor ou pelo descaso do aluno ou pela ineficiência do sistema de ensino. Enfim, serve como uma alerta a todos os professores formadores de sujeitos produtores de textos.

A obra traz uma linguagem técnica de caráter reflexivo e analítico, direcionada a todos aqueles docentes responsáveis e preocupados com o desenvolvimento da escrita na escola.

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