sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Eliziane de Paula S. Barbosa, Diretora Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação e Cultura- SEMEC e Professora de Língua Portuguesa no Colégio Albert Einstein . Graduada em Letras e Especilizalista em Gestão Escolar e Leitura e Produção Escrita pela UFT-Universidade Federal do Tocantins
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Colinas do Tocantins-TO


Planejamento Escolar


O presente texto visa abordar a importância do planejamento escolar e relatar experiência, na perspectiva de reflexão do trabalho docente da Rede Municipal de Educação e Cultura do Município de Colinas do Tocantins- situado na região norte do país, estado do Tocantins.
O Planejamento de Ensino parece no imaginário da maioria das pessoas como o rito que celebra as vésperas do inicio do ano letivo, seja para cumprir uma rotina burocrática exigida da instituição escolar, seja pelo fato de ser uma atividade pedagógica que pode se justificar por si mesma. É preciso esclarecer, porém, que planejamento não é isso. Ao contrário, ele deve ser concebido, assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente, como um processo de reflexão. A esse respeito, há posição de SAVIANI (1987, p. 23) que é bastante esclarecedora.
“a palavra reflexão vem do verbo ‘reflectire’ que significa ‘voltar atrás’ É, pois um (re) pensar, ou seja um pensamento em segundo grau.(...) Refletir é o ato de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar e conhecer a realidade e vasculhar numa busca constante de significado” .
Partindo dessas facetas e da reflexão citada a Semec- Secretaria Municipal de Educação e Cultura procurou a partir dos anos letivos de 2005, 2006, 2007 e 2008 romper com essa tradição. Com intuito de criar uma proposta diagnóstica de aprendizagem, assegurou no calendário escolar, da Rede, dois dias, sendo que 01 dia para realizar o Dia Pedagógico e o outro para o Pré- Planejamento como costumamos reportar. Sendo que no primeiro dia professores e equipe diretiva encontram-se para o momento de socialização de atividades afetivas e apontam, refletem as ações do PPP (Planejamento Político Pedagógico), uma vez que entendemos que o planejamento é um processo permanente de ação-reflexão-acão dos projetos de cada unidade escolar. No outro dia, planejam-se aulas para ministrar durante quinze dias letivos. Durante esses dias de aulas, os professores, coordenadores e diretores têm a oportunidade de fazer uma prévia , isto é, diagnosticar a real necessidade de sua clientela, seja no âmbito escolar ou familiar, tais como: fazer sondagens de leitura e escrita com os alunos, procuram detectar o que eles já sabem, o que não sabem e o que precisam aprender, promovem motivação, interesse, momentos de socialização, entrevista e questionários sócio-econômico- cultural aplicados ao aluno e a família, teste da psicogênese da escrita, de acordo com a teoria de Emília Ferreiro, atividades de cálculo e lógicas matemáticas. Estas estratégias estão calcados em Programas de Formação Continuada em Serviço, pois acreditamos que a formação continuada é uma forma também de garantir a valorização do profissional e de estar conhecendo-se a todo instante, em diversas relações, como diz Josso (2004, p:16) “ o formador forma-se através das coisas (saberes, técnicas, culturas, tecnologias) e da sua compreensão crítica”.
Os programas abarcam toda modalidade da educação básica que atendemos. Sendo eles: a Educação Infantil na perspectiva de cuidar e ensinar, Toda Visão no 1º ano do Ensino Fundamental I (alfabetização), a Educação de Jovens e Adultos, o Praler (Programa de apoio à leitura e a escrita), Gestar (Programa de Gerenciamento da Aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática), o Programa Se Liga e Aceleração (distorção idade/série), Dinamizadores (atende professores das disciplinas de Arte, Orientação Sexual, Língua Inglesa, Recreação e ensino religioso) todos imbuídos numa proposta sociointeracionista, de acordo com a visão Vygotsky.
Depois de levantar os dados, os subsídios consistentes referentes aos discentes durante a primeira quinzena de aulas é que se dedicam três dias para fazer o Plano Anual de Ensino, ou seja, primeiro há um retrato das necessidades. Depois só assim, partimos para o levantamento de conteúdos, metas, habilidade/competência, a serem desenvolvidas, cronograma, metodologia, avaliação e fundamentação teórica dentro da proposta da pedagogia de projetos.
Desta forma acreditamos, que os educadores do município cumprem ao elaborar um planejamento com flexibilidade, a exigência da pergunta básica: que perfil de ser humano queremos formar, tendo em vista a realidade dos discentes.
Não queremos mais voltar à prática de o professor somente copiar o plano anterior ou fazer um planejamento do “nada”, Isto é, de partir do pressuposto de que todos os alunos necessitam aprender somente os conteúdos sistemáticos do livro didático, como eixo de ensino, simplesmente para cumprir um padrão, um esforço só para “inglês” ver, pois, desta maneira, o professor, ao entrar em sala de aula, percebe que tudo que foi norteado não faz mais sentido.
Espero que este breve relato de uma experiência bem-sucedida, possa contribuir com muitos educadores no sentido de um repensar sobre as bases de planejamento escolar. Portanto, o planejar deve aprofundar a compreensão sobre metas educativas, fortalecer a qualidade de ensino e promover a reflexão sobre o porquê, para quê, para quem, e como ensinar. Enfim, o Planejamento, nessa perspectiva, é visto, acima de tudo, como uma atitude crítica e consciente. E, sobretudo conhecedora da realidade, diante do seu trabalho docente.
Referenciais Bibliográficas
FUSARI,J.C. O papel do planejamento escolar; subsídios para ação-reflexão. São Paulo, SE?COGESP, 1989.
GANDIM, D. Planejamento como prática educativa. São Paulo. Loyola, 1983.
JOSSO, Marie-Chistine. Experiências de vida e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2004.
SAVIANI, D. Educação; do senso comum à consciência filosófica. São Paulo. Coord. de Ensino Básico e Normal 1991.

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